quinta-feira, 29 de novembro de 2007

MINHAS PILHAS, a saga



Ei, dona moça
Pra aonde pensa que vai
Com essas pilhas no bolso?
De tranças na cara
A gente repara teu jeito malandro
E mesmo achando tudo muito sem graça
Senta, debocha, escracha
Empilha milhares de causos
De fatos, gracejos, atos
Só pra esperar a hora
A bendita hora
Que de lá da tua toca
Vai ter a sã idéia
De enfim
Devolver as MINHAS PILHAS.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O sol que não quer sair


Ela arrumou duas grandes confusões sentimentais
E tratou de guardar tudo numa caixinha
De agonia e tormentas.

Ela cruzou os edifícios e por capricho não caiu
Mas agora berra ao ver de longe o que de perto pôde conferir
Outrora, agora só queria estar lá, mais uma vez canto a canto.

Ela precisou falar pros sete ventos um segredo tóxico
E cometeu alguns pecados a mais que os sete
Mas enfim, sorriu, e hoje treme na insegurança.

Ela vigia, confere, destrói
A si mesma, claro, com olhos prontos a chover
Diz em juras, jura que não diz, que não sente e chove.

Ela precisa de dois caminhos
Um mais incerto que o outro
Um mais surpreendente que aquele, todos para a graça.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

No lado esquerdo do peito, a flor.


O meu jardim outrora vazio está levemente colorido. É uma florzinha incerta ali no canto, perto de um monte de pedras que me impedem de toca-la com todo carinho que a devoto. Não sei se realmente é motivo para minha felicidade, uma vez que não se completou por inteiro o florir, mas como dizem as bocas ensaiadas, o que vale é ter uma flor. Pra ser sincera nem sei se é mesmo flor, pode ser só uma folhinha gaiata fantasiada para me enganar, mas o que sei é que eu sinto flor, então pra mim agora é flor. Mas não se vá, pequena. Não se afaste assim do meu alcance visual. Eu te queria aqui pertinho, aqui pra mim, no jardim todo, todo flor pra mim. Entro pela porta, espero na janela, fitando...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pelo pecado


Desmancha essa trança de braços e vem me mostrar
Num bruto silêncio escondido em qualquer riso bobo
Que é mesmo a hora certa pra errar a direção
Fazer valer todos os riscos e nadar no abismo desse abraço.

Eu já te expliquei as minhas desculpas
Troquei milhões de vezes a roupa, os sapatos, os olhares
Mas parece que você só se convence de que é dia
Que Deus conspirou, praguejou e saiu pela esquina.

Então só me resta te empurrar de vez pro meu mundo
Com todas as armas, até mesmo as de Jorge
Fazer você dançar no meu ritmo e esquecer qualquer pacto
Com anjos, bruxas ou olhos azuis.

Vem! Entregue-se às chamas das minhas mãos
Cruze o mundo mas não deixe essa lembrança sem existir
Faça disto o teu ponto continuativo
E no próximo parágrafo fale comigo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O ponto


Chegou a hora de dizer adeus aos planos, colocar tudo na velha mala e bater a porta. É sábio aquele que luta com todas as armas até o esgotamento, mas mais sábio ainda é o que percebe quando tudo está perdido e a única atitude coerente a se tomar é a desistência. Foi pensando assim que ele abandonou o barco. Seria menos dramático se não fosse as cenas do dia anterior, tantas palavras em navalha, fotos aos picotes pelo chão, lágrimas misturadas a berros e soluços enervados. Mas foi como deveria ser, as pessoas reagem de acordo com o que as perturbam, e se tinha um fato a ser admitido era que ele realmente manchara aquele amor rosa bebê com um vermelho escandalosamente vulgar. Não cabiam mais máscaras, a mentira estava fresca e desnuda. Por mais que a insignificância daquele ato fosse bradada aos sete ventos nada cala um fato. Se ela ao menos soubesse em quantos pedaços repartira seu gélido coração de homem valente, pensava... Mas ele sabia que ainda assim nada iria modificar muito. Ela era um ponto final; certa, decidida e muitíssimo orgulhosa. Voltar atrás seria como admitir que tudo que acontecera fosse extremamente natural e aceitável, mas não, não era! Então a porta bateu, num ronco melancólico pela casa silenciosa, enquanto lá dentro, olhando um par de meias presas em mãos trêmulas, uma lágrima rolava.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

retrato falado

Lá vai, Jhenni...

Uma hora: a noite (sim, eu também Jhenni)
Um astro: Zeca Baleiro
Um móvel: sofá da casa da minha avó
Um líquido: suco de maracujá
Uma pedra preciosa: diamante, afinal "Diamonds are a girls best friend " de preferência o "coração do mar" de Titanic
Uma árvore: mangueira * pela minha infância...
Uma flor: girassol (sim, eu também Jhenni 2) e de maracujá - tem outras
Uma cor: azul esverdeado (o "teal" do orkut, o "verde petróleo do MSN", a cor de alguns orelhões da Oi, é esse aí)
Um animal: urso panda >.<

Uma música: Balada do asfalto e todas as outras de Zeca - tem muuuuuuuuito mais
Comida: feijoada completa :9
Um lugar: Solar do Unhão
Um verbo: Sentir

Uma expressão: "Cê besta, moss" - saudade de Brumado i_i
Um mês: agosto

Um número: o 5 é bem simpático >.<
Um instrumento musical: piano e sax ( eu sei, mas é que gosto dos dois)
Estação do ano: primavera
Um filme: longa - O nome da rosa , curta - No passo da véia

Programa de TV: Programa do Jô
Uma revolta: Injustiça

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

"Mais uma de amor"


Chama tua banda
Que eu quero cantar
Sobre uma coisa
Que me aconteceu hoje
Ontem, aqui e em além-mar
Não tenho muita certeza
De como começou tudo isso
Só sei que fez um reboliço
E vem me tirando o ar.

Caricato por natureza
Esse sentimento, o sem sentido
Varre minhas veias
E me tira as lógicas
Mais uma vez as velhas botas
Traçando velhos caminhos
Não! Não! Não!

Mas traga-me o microfone
O megafone e todos os outros
Ou berro aqui mesmo
Até não restar mais cordas
Nem botas, nem caminhos

Ah! Eu quero vomitar esse amor
Vestido de vermelho febril
Tão concentrado que me mancha
A paz noturna
Ó céus! Traga-me todo o teu azul
Todo o azul oxigênio
Pois me sinto asfixiar
De amor.





p.s.: daria tudo pra ser o eu-lírico :X

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Bamboleou

*foto por Taiane Dantas ( http://www.flickr.com/photos/taidantas )

Roda roda pião
E me diz que horas são
Me canta se é cedo ou tarde
Se o amor está mesmo em toda parte
Que o meu corpo bobo
Bamboleia sem assombro
Ao te ver rodar assim
Majestoso e mostrando que no fim
Toda moça é meio pomba
Não resiste a um bom samba
Glórias glórias à ela se faz
Fazendo hora, na sola traz
Um quê de amor, feitiço e paz

"Me dê a mão, vamos sair, pra ver o sol"


Hoje eu canto baixo
Bem baixinho
No pé do ouvido
Pra acalentar
a minha doce menina.

Vem, pequena
Você que nunca teve medo do escuro
Segura firme a minha mão
E segue o farfalhar das borboletas
Com seus passinhos de boneca.

Eles te trazem baldes de fel
E o mundo é agridoce
Mas lá no fundo, anjo
No fundo do seu coração
Toda doçura está e para ti basta

Sinta a grama roçar seus pés
O vento brincar com seus cabelos
O sol fechar seus olhinhos
E no fim do dia, a lua iluminar seus sonhos
Vês? A vida pode ser tão suave, princesa

Então me abraça
Eu sou teu travesseiro, tua fada madrinha
Quem te viu chorar, sorrir, amar
Quem te trouxe até os dezoito
E hoje, quem te ensina a andar sozinha


quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Zoomorfização


Mordam a presa,
Feras indóceis,
Rasguem a carne
Ou simplesmente
Paralisem
Com esse veneno letal
Que brota de vocês.
Vão!
Fartem-se, pestes impiedosas
Já que tudo é motivo e
Sob qualquer deslize pra dentro da emboscada
Todos podem ir
Fatais, certeiros, famintos
Causando medo e temor
àqueles que arriscam virar as costas.
Peçanha de sobra
Eficazes predadores.
Às cascaveis causam inveja
Mas cuidado
É... falo como alerta
O círculo tem fim
E pode acabar aí, bem na sua cauda.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Alovoce

aurora alagoinhense - por Taiane Dantas


Esse é um apelo imoral e insensato. Você aí do outro lado, você que perde seu precioso tempo lendo essas tentativas de escrita, você mesmo, olha bem aqui pra mim, sério, olhe, tá me vendo, né? Pois bem... Agora são quatro da manhã, mais tarde – às 07:50h – eu tenho simulado no colégio, mas eu estou aqui, neste maldito/bendito computador, não pense você que é vagabundagem, né não, o caso é que eu não quero ouvir meus problemas agora, deitar é ouvir problemas. A cama é macia, o travesseiro então nem se fala, mas o resto é deveras áspero e incômodo. Agora é a hora que eu estou mais sensível a mim e eu não quero me deixar ferir por mim desta maneira agora não. Eu andei pensando em quanto está sendo diferente essa experiência de me conhecer, sempre estive acompanhada e poucas vezes curti andar de mãos dadas comigo. É estranho. Muito convívio assim comigo me causa certa ebulição de sentidos e sensações. O dia inteiro foi tranquilo mas agora está turvo. Eu fico vigiando as pessoas pelo orkut, saboreando suas felicidades, casais com fotos e declarações, amigos enchurrascando, gente muito viva, muito acompanhada. Não, eu não sou sozinha nem estou deprimida. Calma! É que eu só queria entender porque eu fico tão mexida assim, por que me sinto tão só? Então... voltando a você. Você gosta de ser você? Gosta de dormir e acordar com você? Faz isso sozinho (a)? Tem prazer nisso? Vive pensando nisso? Por favor sinalizem, eu preciso sair dessa vida de náufraga.

domingo, 4 de novembro de 2007

Troca de calores


O noivo chegou atordoado. Lançou as contas sobre a mesa, folgou a gravata que o sufocava e caiu como podre na poltrona. Aquele calor era deveras estressante. Pensou em todos os compromissos ainda por fazer e tirou uma gota generosa de suor da testa com sua mão rechonchuda. Quatro e meia. Olhou pela janela e viu as ondas de calor emergidas do asfalto. Infernal viver naquela cidade, pensava. Cinco. Nenhuma coragem. Olhou mais uma vez pela janela, suspirou, tentou tomar fôlego para levantar mas foi inútil. A camisa ensopada começava a grudar no corpo, a agonia tomava conta. Ainda assim a fadiga vencia qualquer desconforto. Cinco e meia. O telefone toca. Ele olha com grande irritação para aquele malquisto objeto de sua casa. Insiste o infeliz em tocar. O calvo acalourado resolve, movido pelo ódio fulminante, pular da poltrona, não para atender o maldito e sim para lança-lo janela afora. Os bons modos vencem. Era ela, Ela. Doce, interrogativa, vitimando-se, acarinhando, oferecendo cura. Fim de conversa. Seis, sete, oito. Planos largados e trocados por um delicioso e espumoso banho. Dádiva, bendito, glória! Sobrou ao cevado sorrisos. Toca, agora a campainha. Quanta irritação! Ódio infindo de sons incovenientes. Insistem, resistem, utilizam nós de mãos como apelação. Bufa de ódio, enrola na toalha e vai, pingando a casa toda. Ela, com um sorriso de “Olá, querido” rasgando todo o rosto o abraça, armadura perfeita para aquele nervoso esbraseado. Dois corpos n’água. Nove, dez, onze... O calor lá fora cessa, cá dentro abrasa.

sábado, 3 de novembro de 2007

Modernismos


Vamos combinar
definir, marcar
O passo.
Dois pra cá e pronto,
não se fala mais nisso.
Todo egoísmo rítmico
nenhuma divisão desfavorável
para mim, lógico.
Não é questão de egocentrismo,
não fale uma infâmia dessas,
é só a nova estratégia feminista do século,
algo muito parecido com armadura,
proteção, vacina,
você compreende,não?
Então! Larga tua flexa,
abaixa a cabeça,
venha com as pernas guardando o rabo...
E a bola? Bem baixa, muito baixa,
meu querido.
Ótimo! É assim que a gente gosta
É assim que a banda toca
E você tem que acompanhar
Vamos combinar
Dois
Dois pra cá!