quarta-feira, 20 de junho de 2012

Essa não é mais uma carta de amor

terça-feira, 8 de maio de 2012

despetalando

Não cabe nenhuma história de amor alheia. Não tem espaço, desculpe. O coração vazio é terra infértil, é desacreditado, é mão que não se estende a nenhum lenço devolvido. Não adianta insistir. Não tem imaginação que consiga construir aqui dentro, neste pobre órgão em desuso, estes floridos casos de amor. Tá seco.Não bastam teus Romeus, sai pra lá com tuas Julietas. Chega de tanta cabeça flutuando em universos afora e aqui, ao alcance das mãos, a imensidão deste nada diário apertando o vazio. E enrola em panos, desmancha em prantos e resta só o clamor de um pedaço do corpo que quer viver a história, mas não tem o enredo.

domingo, 29 de março de 2009


"Bom dia, está começando mais um..." Desligou a TV. Todos os papéis dentro da maleta de couro marrom claro e uma bolsa de lado. Saltou para não pisar na poça que se formara com a chuva de ontem e entrou.
Ônibus faz a gente pensar na vida, construir vidas para as pessoas , em vulto, lá fora. Se tem música aos ouvidos tudo vira videoclipe. Junta lembrança, saudade e quando menos se espera é hora de acordar, a realidade já chegou, é o seu ponto! Ela assim o fez.
Bicho emaranhado é mulher, e Clarice andava especialmente em novelo. Computador, papéis, ordens, horários, tudo era plano de fundo, interessava-a mesmo era encontrar pontos para seus is, arquitetos de tantas insônias.
Lápis às mordidas e então decidiu: ligaria naquele dia mesmo e marcaria o atrevido encontro. Era simples – pensava – digo quem sou, como soube de sua existência e marco.
Sete horas. O ponteiro resistia em marcar sete, e a jovem cacheada já havia cruzado e descruzado as finas pernas cor de leite incontáveis vezes. Viria? De certo que sim , pelo tom da voz, sim...
Beijos e abraços confusos. Só de ser plural já era bastante desajeitado. Dados devidamente trocados e então seguiram até a cafeteria.
“Não, sou noivo da prima dele. Tem certeza que era eu mesmo? Você não se confundiu?” Sim... melhor pensar assim. Vergonha, vontade de sumir e apagar aquele dia.
A aprendiz de advogada perdeu, mais uma vez, a chance de aprisionar alguém em seu destino. Mas se era para ser destino não havia de ter planos. Nada de ver rapaz bonito em foto de família do chefe, achar que descobriu quem é e armar um encontro. Nada de fantasiar e acreditar demais. Nada disso. O último seria aquele, jurava. “Agora vou esperar aqui no meu canto. Pelo menos até quando aguentar...”

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

ida



angústias derramadas
tédio, tensão e vacilos.
será que chegou mesmo a hora?
quantos minutos a mais
até a certeza do passo a fora
passo a dentro?
coração há
os espaços ainda estão preenchidos...
quantas fichas
para apostar?
e a alma? disposta?
sim!
me dê a guia,
destino
e seja insensato
enquanto for lógico.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Foi a vida quem escolheu

lançou doces olhos sobre os meus
anjo feroz arrancou recíprocos olhares
traçou suaves labirintos boca a dentro
de partida para sempre encantamento
tato insensato provocou adoração
que maldade!
escrava sois de poros teus
e para todo o sempre deste momento
te suspiro com garras de quem quer roubar
capturar cheiros, olhares, gracejos
emoldurar no canto doce da memória
e cristalizar pra sentir sempre

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

a 40º celsius



Saiu
Deixando fala em parte
Nesta boca tola
Que em vão joga aos ventos
Flores e poemas.

Bateu a porta
Marcando a cara com lágrimas
Feriu de faca
O orgulho e o carinho.

Vestida de dor
Raiva e vergonha
De ter no coração tamanho absurdo
Apagou velhos agrados
E maldisse, mais uma das milhares
De vezes, a sorte

Vida, olhai
Afastai este sorriso que ensandece
Não dos olhos, posto que está longe
Mas desta romanesca memória
Ou seria, deste insaciado desejo?

Mais uma vez a velha história
Menina mimada
Caprichos
Quer porque quer
Vai ter?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Onde está?


A gente escapa de correntes, da morte, mas para a felicidade o alvo está sempre na cabeça. Eu descobri dois minutos atrás que a cada vez que me sinto preocupada com futuro e coisas similares mais eu me distancio desse ar que inspiro e, mais ainda, toda vez que construo castelos fantásticos com areias de amanhã eu cuspo nesse lindo de pedras que piso. Não faço a menor idéia do porquê de estar falando disso agora se o que queria era comentar qualquer coisa a respeito de vazio, planos e ofensas pessoais.Só valorizamos o espaço preenchido enquanto vazio, só se sente o vento enquanto marcas na pele e só há suspiros pela flor murcha entre folhas de um diário. Eu queria sinceramente chorar um amor perdido, reprisar um amor esquecido, comentar um qualquer desejado, mas nada disso me pertence entre as mãos, então lá vem mais uma vez os planos encastelados, sujeitos às intempéries da minha vaga vida futura. E você, maldiga, xingue qualquer palavrão absurdo que te cale ou te esparrame os cinco dedos na face, por que qualquer risco de opinião agora é calúnia, e maldizer a sorte ou a presença de espaços a preencher é impaciência e falta de visão da realidade. Então, senta, ou melhor, viva e volte pra me contar.