domingo, 30 de setembro de 2007

A volta da aflição




Me faz um favor? Some! Some e leve com você todos esses desejos que tu me despertas. Leve também todas as palavras doces que ousar pronunciar e me envolver novamente. É! Isso... Carregue tudo que me prende a ti, todos os teus encantos infames que me seduziram. Chega disso e dessas mentiras todas. Chega também de me fazer ficar deste jeito. Querer-te é absurdo! É absurdo maior ainda pensar em querer-te mais uma vez. Enfim... siga a sua reta e deixe a minha em paz! Já basta todos os desvios que tu me fizeste criar. Não...eu não quero isso pra mim, não mesmo! Será? É disso que falo, desta desestruturação, desta confusão psicosentimental na qual você me faz embrenhar. Ó céus, por que fizeste me perder desta maneira? Não posso mais nem saber quem sou eu, o que eu quero, o que eu estou sentindo e pensando. Perdi! Me perdi de mim nesta ânsia absurda por ti! Ai tranquilidade, ai controle, cadê vocês?

domingo, 23 de setembro de 2007

Entre o começo e o meio



Nós temos tanta sede de vida
Queremos o instante caudalosamente
Não nos basta a certeza do próximo passo
Somos angústia e exaltação
O próximo inspirar é a sentença
E temos pressa, não há porque parar agora
O vento sopra em várias direções
E qualquer que seja a correta
Os passos estão dados,os planos sobre a mesa
Um risco qualquer pra justificar toda nossa gana
Pelo que chamam de perder limites, mas nós preferimos
Aventura.
Ser a velocidade e estar acima dos cortes e das dores
Provar superpoderes e ir além
Além do tempo, espaço, rédeas
Além da nossa própria noção de além
Além da Terra e de todos as convenções
E por instinto nos lançar no abismo!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sobre o descontrole


E o não querer-te
Machuca muito mais
Que qualquer faca peito adentro.
Chorar por não poder
Por não te ter
E não poder sonhar em ter
Podar, cortar, controlar
Enlouquecer de vez
De toda forma
De medo e de proteção
Sofrer mais ainda.
Não é lúcido
Não tem como ser
Não seria absolutamente nada disso
Se fosse corretamente lógico
Fugiu! Foge! Sem controle
Perdi o controle, primeiro olhar bastou
Não dá mais, corrente
As forças e qualquer estratégia perdi
É. Incontestavelmente é.
Fichas, apostas, desejos
Até a vitória! – virá?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Instantânea Simetria






E de mãos dadas com o destino

fui ao seu encontro.

Doce encanto ter-te ao limite dos olhos

dos toques, dos mais rubros desejos.

Suave querer-te assim infindo

sonhar com eternos dias - noites -

destes de encanto e suspiros

de olhar além de ti e ver o céu azul em festa

Fácil apaixonar;

simples trocar vãs esperanças por ti;

difícil deixar-te assim.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

embebedar-me




Eu te quero
Pecado diário
Veneno que vicia
A cada gole
Deslizando por pele macia
Deixando qualquer medo pra trás
Pulsando um sentimento de entrega

Não só em mente
Vazios pensamentos
Lembranças que enchem a boca d’água
Não! Não!
Anseio ter-te real
Carne, osso, suor, saliva
Cheiro, muito cheiro!

Qualquer vão deleite
De domingo à noite
Vários domingos
Noite, tarde, manhã
Dias, semanas, meses
Infinitos goles de ti
Sem temer, sem poupar, sem desperdiçar...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Perecivelmente chama









Sentir-me assim me faz pensar

nos segundos antecedentes.



Pensar assim me faz temer

que todo sossego tenha prazo

que toda felicidade dure o tempo certo

pra você sentir e acabar.



Temer assim me faz chorar

me faz procurar em mim qualquer porto seguro

qualquer faísca de verde em brasas

qualquer caminho.



Chorar assim faz punir-me

por toda ingenuidade pueril

por toda esperança ridícula

por toda entrega em vão

por toda fraqueza



Punir-me assim me faz querer não acreditar
em mim e em tudo
pra sempre.



Não quero mais acreditar
sentir, pensar, temer, chorar, me punir
abro meus poros
sinto as lembranças
e ouço
"foi fugaz, garota
não é eterno! "